segunda-feira, 4 de outubro de 2010

O OUTRO LADO DAS ELEIÇÕES

Ontem foi a sexta eleição democrática pós-ditadura militar. Em 25 anos de democracia o país prova que está firme no sentido de solidificar esse sistema. Mas não quero, pelo menos neste texto, falar dos problemas que temos que enfrentar se quisermos aperfeiçoá-lo.

Quero falar de como percebi o sentimento do povo (aqui, no sentido de parcela mais pobre da população) em relação ao voto e ao significado que nosso sistema político representa para eles.

Fui trabalhar como Coordenador. Vitória é dividida em várias áreas. Fiquei na área 12. Região que engloba parte de São Pedro e parte de Santo Antônio. Seis escolas ao todo. Lugares onde a pobreza ainda insiste em revelar sua face mais cruel: a do abandono. A população que vi nas ruas é carente em todos os sentidos, as escolas são péssimas, áreas de lazer improvisadas nos campinhos de terra e por aí vai.

Meu trabalho consiste em coordenar equipes de mesários e prepostos e resolver os problemas que aparecerem (claro, contando sempre com a orientação da Justiça Eleitoral). Assim, vi de perto como o eleitor vota. Esqueça se ele sabe todas as propostas e "planos de governo" dos candidatos. Se está ligado nas acusações contra o governo e aliados. Produto Interno Bruto? Lei de Responsabilidade fiscal? Reforma Política, Agrária? Infelizmente o povo não tem a mínima noção.

As falas mais correntes nos corredores apertados das escolas eram se tal candidato é mais simpático do que outro, que tal candidato estava distribuindo dinheiro e por isso tinha seu voto, que a fila estava grande, que mudaram a seção de votação para uma outra sala. Enfim, os exemplos são muitos e mostram que apenas uma pequena parcela do eleitorado está realmente consciente no que acontece.

E por isso, por saberem que a maior parte dos eleitores não consegue acompanhar o noticiário político, entender seus termos rebuscados ou simplesmente lembrar quem foi cassado por corrupção que os maus políticos sempre acabam ganhando a maioria das cadeiras parlamentares e assim, dificultam o trabalho de gente honesta e competente.

Faço então um pedido para aqueles que tiveram e continuam tendo acesso à educação (não só baseada em saber ler,escrever e contar) que dividam esse conhecimento aos vizinhos, aos colegas que ainda não se interessam por política, incentivando mais pessoas a alcançarem a verdadeira cidadania.

Abs.

18 comentários:

  1. Sigilo Fiscal? Redução da maioridade?

    Democracia?
    Igualdade?

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  2. Hoje perguntei ao meu porteiro o que ele achou das eleições. Ele me respondeu: "eu nem me lembro em quem votei"
    Tipo, as eleições foram ontem. ONTEM!
    :/

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  3. Sei que a democracia não se restringe ao ato de votar, as promessas ou campanhas, é algo mais abrangente que envolve nossa própria condição de existência, são conquistas que com o tempo e que aos poucos tendem a melhorar. As eleições representam apenas uma etapa do processo político. E a democracia não se limita ao seu ato.

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  4. Um pouco nada-a-ver o último comentário, mas, enfim, é isso.
    Vou dormir, beijos.

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  5. O voto, quando é obrigatório, não é um direito, mas um dever. Em nome da “cidadania”, transformam os indivíduos em súditos...As pessoas acabam votando em qualquer candidato que lhe derem:empregos,dinheiro,cesta básica...E isso resulta em péssimos deputados,senadores,governadores...que com certeza não atenderão as reais necessidades e prioridades da população.

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  6. O voto obrigatório foi instituído pela Constituição de 1934 e já enfrentou mais de 20 projetos de lei ou propostas de emenda à Constituição que pediam seu fim. Concordo com a Natália. A obrigatoriedade faz com que o voto perca sua conotação de direito.
    José Sarney disse que "Nas democracias que ainda são frágeis, ainda não consolidadas, o voto obrigatório serve para que o povo tenha uma aprendizagem maior"
    Vamos ficar aprendendo até quando?
    Não creio que seja esse "dever cívico" que fará com que tenhamos uma consciência política.

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  7. A única solução é votarmos ou nos revoltarmos. Se houver uma enorme porcentagem de votos nulos, quem irá decidir a presidência serão as pessoas que votaram em candidatos, não tem jeito. Não existe essa coisa de "vote nulo que teremos que eleger novos candidatos a presidente". E a única forma de conquista de democracia é por protestos, na rua mesmo, porque pela internet nunca conseguiremos mais do que um projeto de lei que tem tudo para não funcionar a favor do povo, como a maioria das leis.

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  8. Compreendo, filhota, sua interrogação.
    O ato de votar é a essência da democracia, é a manifestação concreta e direta do poder que emana do povo e que em seu nome será exercido. No entanto, não podemos esquecer que nossa democracia ainda é muito frágil para extinguir a obrigatoriedade do voto.
    O voto facultativo poderia beneficiar os detentores de grandes currais eleitorais que usariam sua 'força' para levar às urnas suas massas eleitorais.
    Parte da população, como está muito bem exposto no texto, não tem consciência da importância de participar, atuar e agir diretamente na construção de seu futuro. Precisamos de uma consciência política mais evoluída e isso vem com mais formação, informação e uma reforma político-eleitoral que corrija o que está errado em nosso sistema.
    Num país que está votando pela sexta vez pós-ditadura para Presidente, o voto obrigatório é uma forma de educar os eleitores até que sejamos capazes de adotar o voto livre. Afinal a liberdade deve preceder a responsabilidade.

    Parabéns pelo blog, Felipe. As análises críticas dos textos são muito bem feitas.

    Abraços,
    Mamãe da Lílian Cristina

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  9. Concordo, "mamãe da Lílian Cristina", só que muitos defensores do voto obrigatório usam os EUA, por exemplo, para demonstrar que nem lá o voto facultativo tem trazido bons resultados. Puxa, eles são democráticos há um tempão!
    Fico pensando: quando estaremos, de fato, maduros suficiente?

    P.S: Você já pode abrir mão dessa assinatura clássica (e ultrapassada), hahaha!

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  10. Acho que o voto obrigatório faz com que as pessoas se liguem na política. O Brasil ainda precisa chegar a um estágio de funcionamento educacional e institucional mais evoluído para instituir o voto facultativo.

    Como já disse o escritor frei Bento "Quando me falam que voto deveria ser facultativo, exijo coerência e digo então que você deveria defender que o imposto seja facultativo”.

    Realmente, blog muito bom! Parabéns!
    Att,
    Adriana Miranda ou titia da Lílian Cristina
    rsrs

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  11. Olá princesa!
    Gostei muito do blog do seu professor.
    Beijinhos,
    tia Adriana.

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  12. Puxa, que legal. Tô muito contente que o blog está sendo comentado, e em família, o que é melhor ainda.
    Obrigado a todas e todos..

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  13. Olá, eu sou o primo da Lílian.
    E na minha opinião políticos..
    todos eles roubam, difícil um que não
    mas a questão é..
    "quem rouba menos" , eles apenas prometem
    prometem prometem.
    Promessas o vento leva, e o que restou disso?
    Só palavras não bastam! Mais o importante é saber se a pessoa vai cumprir o que prometeeu [é a parte mais difícil /tenso]. Mas temos que dar preferencia a aqueles que já fizeram alguma merda nesse país. Mas no final das contas tudo vai pro buraco da galáxia msm qwwiiuoweiuuio'

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  14. Voto tem que ser obrigatório, pq o povo fala .. "Ah, eu não votei mas queria que fulano ganhasse, pq esse ciclano que ganhou é corrupto"
    PQP! se quizesse que ciclano não ganhasse que votasse! mas só fica reclamando. Todos tem o direito de falar o que bem entendem. Acho que é uma lei kkkkkkkkkkk, apenas acho. Mas se vc acha que ele vai ser melhor pro país.. vota! Vc não vai tá colocando o seu futuro em risco, mas de toda a população brasileira sem noção. THE END.

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  15. Ei Júlio!
    Aí é que está. As promessas são feitas, mas cabe à nós impedir que elas sejam, simplismente, palavras ao vento. Como disse acima, as eleições representam apenas uma etapa do processo político. E a democracia não se limita ao seu ato.

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  16. Só que, infelizmente, sobrinha linda, encantadora e muito sonhadora, poucos tem essa noção.
    Por isso, a importância da obrigatoriedade como didática.

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